quarta-feira, 20 de julho de 2011

O INOCENTE-MARCOS TOLEDO

O INOCENTE



Nosso sonho era ter um bebê. Já estávamos casados há algum tempo e achamos que chegara a hora certa. Quando tivemos a notícia de que estávamos grávidos, ficamos numa alegria só.
Passei a tomar todo o cuidado do mundo para que ela não fizesse coisa alguma que viesse a prejudicar o nosso neném que estava em sua barriga, guardadinho.
À noite, quando chegava do escritório, ficava alisando sua barriguinha, e minha mulher, fogosa que era, sempre que eu fazia isso, sentia desejo enorme de ir para a cama para fazermos amor... e assim fazíamos.
Certa vez, lá pelos cinco meses de gravidez, cheguei em casa e, como sempre fazia, procurei por ela que estava no banho. Aproveitei a ocasião, tirei minhas roupas e entrei no boxe, para banhar-me junto dela. Eu fiz carinho em sua barriga enquanto conversava com meu bebê que ali dormia, mas ela, para não perder o hábito, ficou excitada e me convidou para irmos para a cama fazer amor. Mais uma vez, falei dos riscos, mas ela exigiu que nós fôssemos, claro! Não me fiz de rogado e lá fomos nós.
Durante o nosso sexo, que era e sempre foi maravilhoso e intenso ela começou a sentir dores e pediu para pararmos. Ao ouvir seu pedido, estranhei, pois ela sempre queria mais e mais, mas atendi. Quando paramos, olhamos para a cama e vimos que havia sangue.
Fiquei louco e desesperado; corremos e vestimos a primeira roupa que encontramos e fomos para o hospital a pé, pois não tínhamos carro nem telefone para chamar um táxi. Felizmente, o hospital não era longe...
 Depois de alguns exames, ficou constatado que o bebê estava bem.
Mas, o pior, foi ter que ouvir do  médico  que  ela havia tido uma hemorragia
pós-coito e que eu deveria ter tido mais cuidado na hora do sexo. E, ainda, que deveríamos ficar o resto da gravidez sem relacionamento sexual. Sem contar a expressão zangada dele que me olhava como se eu fosse um ser de outro mundo, um maníaco sexual.
E minha mulher lá, com um sorriso irônico no rosto, olhando para mim sem falar nada.
Amém
Marcos Toledo

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