CHIQUINHA GONZAGA
Tinha um padrinho militar austero - Caxias-
e pai general, mas ela queria carnaval.
Gostava de lundu, umbigada e ritmos populares
vindos das rodas dos escravos dos palmares.
Novinha ainda, casou-se por imposição
e, rapidamente, cansou-se da reclusão.
Sentiu-se posta de lado pelo marido marinheiro,
separou-se - um escândalo - e sem dinheiro.
Levou um filho, somente, deixou mais dois,
o marido austero, não a deixou vê-los, depois.
Logo reencontrou um grande amor do passado;
teve uma filha e separou-se dele - achava-o safado.
Mesmo assim, nunca foi uma mãe ausente;
fez de tudo para ser sempre presente.
Tocou em lojas de piano e deu aulas do instrumento
para sustentar-se e ao filho - não queria sofrimento.
Um dia, na meia idade, encontrou o grande amor,
mas o preconceito vigente provocou-lhe muita dor.
Ela com 52 e ele com 16, mas um lindo artista;
um verdadeiro aprendiz de musicista.
Finalmente, depois de tanto preconceito,
foi viver em Lisboa o seu amor perfeito.
Viveu um grande amor de sentimentos e carnal,
até que faleceu, no início de um carnaval.
AMÉM
Marcos Toledo
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