CASTRO ALVES
De uma beleza estupenda,
sagaz nas letras, sem reprimenda.
Tinha as próprias opiniões
e tomava suas decisões.
Saiu de casa para Recife
para tentar cursar Direito,
mas na prova não passou:
apesar de inteligente,
o objetivo não alcançou.
Para tudo era chamado,
convidado para recitais, teatros,
já era um forte indício
de que deixaria rastros.
Muito novo ainda, adoeceu,
mas sua poesia sobreviveu.
A cada tosse sangrenta,
um poema surgia no papel,
e também era apaixonado
por quem se apresentava
no teatro Santa Isabel.
Com força e muita fé,
a prova de Direito foi vencida,
mas teve grande decaída
por causa do irmão suicida.
Amava Eugenia Câmara
que também era atriz;
e exerceu o Direito,
como ele sempre quis.
Perfeccionista, exigia tudo bem feito.
Doente, foi descansar em Caetié,
e, numa caçada, deu um tiro no pé.
De nada adiantavam remédios;
foi procurar um cirurgião
que, para salvar-lhe a vida,
do pé fez a amputação.
Triste, viu Eugenia representar,
pela última vez, de coração na mão.
Mutilado, voltou para sua família,
para as áreas do sertão.
Sua última aparição,
numa récita beneficente,
foi feita com muita dor.
Num lindo solar da família,
ele nos deixou, em Salvador.
Amém
Marcos Toledo
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