sexta-feira, 1 de junho de 2012

O CIO DA CHIQUITITA-MARCOS TOLEDO

       O CIO DA CHIQUITITA 

      

           Eu tinha dez anos e era um capetinha, como todos diziam, e cabia em mim direitinho.
     

           Meu pai tinha uma vendinha na cidade e, como era uma pequena cidade do interior, nós 



éramos bem conhecidos por causa da venda.
       

          Havia um vendedor que vivia empurrando coisas para meu pai vender. Às vezes, meu pai



dizia que ali não conseguiria vender tal produto, mas o camarada deixava assim mesmo. Aquilo



ficava ali parado,sem vender, pois as posses do povo da cidade eram poucas.
     

        Chegava o final do mês e lá ia o vendedor cobrar pelos artigos que deixara, inclusive por



aqueles que meu pai não queria. Ele perturbava até meu pai tirar o dinheiro das despesas



internaspara pagar-lhe.
  

       Uma coisa a mais me deixava enfurecido com aquele vendedor: ao chegar à cidade, parava



seu caminhãozinho na praça, para poder ir de comércio em comércio cobrando e deixando



mercadorias,e como ele detestava animais, chutava os cachorrinhos que se aproximavam dele.
     

       Nós tínhamos uma cadela chamada Chiquitita e, num dia em que eu o vi chutando os



cachorrinhos na praia mais uma vez, resolvi descontar, pregando-lhe uma peça. Peguei um pano



velho no chão e esfreguei na vulva da Chiquitita que estava no cio.



      Esfreguei muito, mas muito mesmo... Quando o vendedor chegou para conversar com meu   



pai, eu fingi que ele estava com a calçasuja na barra e, simulando tentar limpar, comecei a



esfregar em sua calça aquele pano com o cheiro da Chiquitita. Aproveitei para esfregar tambm



na pasta que ele usava, sempre fingindo que estava limpando. Ele até comentou com meu



paique eu era um bom menino, muito prestativo...
  

       Quando ele saiu à rua, foi um Deus nos acuda! Os cachorros foram atrás dele; uns faziam xixi



na sua calça, outros queriam agarrar sua perna e eu, enquanto ria, contei uns oito cachorros. Ele se



escondeu dentro do caminhãozinho, ligou o carro e saiu em disparada, mas ainda consegui jogar o



pano na caçamba do caminhão que sumiu na poeira.
  

       Nunca mais ele chutou ou bateu em outro animal da minha cidade. Sempre que ele chegava,



olhava de um lado para o outro, para ver se havia cachorros por perto e, aí sim, descia do carro.
 

Amém
Marcos Toledo

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