ELES NÃO SÃO REAIS
Analisando alguns romances, observei que seus personagens não são reais...
ou são? São brigas, sexos, intrigas e falácias num ritmo alucinante. Não os vejo
almoçar, jantar e nem ir ao banheiro, coisas comuns a todos os seres humanos.
Seus autores dizem assim: “Julio convida Matilde para jantar”... ”No jantar,
Matilde o interpela sobre seu trabalho”... ,“Na saída do restaurante, seu
carro aparece danificado”...
Muito bem! Comeram o quê? Beberam o quê? Em que momento levou
o garfo à boca? Lavaram as mãos para se sentar à mesa? São tantas
as perguntas, que me chamam de louco!
Talvez esses personagens façam isso, mas só se o fazem nos momentos em
que deixo o livro de lado para ir jantar de verdade, na minha casa, ou nas
horas de sono que tenho.
Você nunca se perguntou sobre isso? Caramba! Já leu um romance ardente,
onde um casal até perde o fôlego se amando e, ao final, nem vai ao banheiro
se lavar? Simplesmente, aparecem em outra cena, como num passe de mágica.
Hum... esses personagens devem ter um “futum” terrível!
Li, certa vez, que um sujeito ia ao encontro do seu grande amor, debaixo
de um temporal horrível e espirrava como um condenado. Ao chegar à casa
da sua amada, entrou, pegando-a na cama com outro sujeito. Eu heim!
Como pode alguém entrar na casa dos outros sem se anunciar? E, mesmo que
entrasse, estaria completamente molhado, de capa e guarda-chuva. E como
não fez o mínimo de barulho, a ponto de não ser ouvido pelos amantes ?
Não estou aqui defendendo os amantes, mas sim indagando: como pode isso?
E os espirros? Cessaram de repente? Hum... estranho!
Não preciso comentar os romances policiais que, em sua maioria, são
extremamente obsurdos e deixam várias pistas para o leitor, mas que, ao final,
mostra como assassino, o mordomo. Ridículo isso!
Um dia, pretendo ser escritor e, quando o for, vocês verão: meus personagens
serão pessoas normais que vão ao banheiro, usam dentaduras, soltam gases,
comem comidas de verdades e suam quando fazem amor. Ah! E tomam
banho, depois de fazerem sexo, também, como todo mundo.
Amém
Marcos Toledo