sexta-feira, 4 de maio de 2012

BATER EM TI, JAMAIS!-MARCOS TOLEDO

BATER EM TI,  JAMAIS!


Do cabaré és a minha dama,
Da rua e da Vila Isabel sou eu o samba,
De O Guarani, tu és a dama Ceci.
Nessa vida sou seu Peri.

Ceci sentia a batida do meu coração todo dia,
Mas seu desejo era no peso da minha mão que não batia.
Chorava, gemia de prazer, mas mesmo assim me traía.
Bebi, vaguei, sem saúde fiquei, mas para todos mentia.

Lindaura sofria, mas tranquila tomava seu café,
Enquanto em orgias e bebidas eu ficava às noites no cabaré.
Sentada, semblante suado, aguardava paciente,
Enquanto nas noites me encontrava cada vez mais doente.

Criança que não queria crescer, pipas e balões aos montes,
Mas onde brincava mesmo, era nos estribos dos bondes.
Sua mãe bandolim, seu pai violão e Noel samba-canção.
De tudo aprendeu um pouco, até o vício exagerado dentro do coração.

Aos quatorze conheceu o cigarro e a bebida nas orgias da esquina.
Por causa das orgias. deixou de ser doutor em Medicina.
No café Vila Isabel, fazia ponto, entre recados de seresta e serenata.
Seu ponto ali, era marcado diariamente, como um magnata.

Com roupa de melodia de humor e de sagacidade
Explodiu por toda a cidade.
De um tema posto no papel, surgia uma canção;
Tudo feito com o mais puro que havia no coração.

De tumulto não gostava, nem do bando dos tangarás; queria independência.
De embolada um pouco arriscou, mas seu sangue era de sambista e de cadência.
Das noitadas, seu corpo emagreceu, lesão no pulmão detectou.
Noel sabia de tudo e de tudo aproveitou.

Por Clara, Fina e Ceci se apaixonou, mas com Lindaura se casou.
De Sergipe para a vida do grande poeta Noel,se agarrou.
 Nos braços da guerreira Lindaura se findou
e na casa em que nasceu, faleceu.
Em lágrimas, as manchetes anunciaram:
 “NOEL NOS DEIXOU!”

Amém
Marcos Toledo

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