NO PALCO
Ao vê-la ali, exposta, meu coração chorou.
Mas por quê? Se nem a conhecia...
A música tocava e você rebolava.
Em vez de desejo, senti pena de você.
A cada rebolado, os homens vibravam.
Você parecia adorar aquilo e remexia mais.
Dinheiro era jogado a seus pés;
rebolando e abaixando, você o pegava.
Até que nossos olhos se encontraram...
Você virou e não fixou os meus.
Mas por mais que os virasse, eles se encontravam;
percebi que você começou a sentir vergonha.
Seu rebolado diminuiu, seu sorriso sumiu,
seus olhos fecharam-se e você fugiu.
Procurei você pelo resto da noite,
mas você ali não mais estava.
Chovia fino lá fora, e à porta você ficou.
Meu braço a puxou; perguntou-me por que demorei.
Sem querer, disse-lhe- estou aqui, agora.
Um sorriso você abriu, dizendo que sabia que eu viria.
Sem entender, fiquei apático, olhando.
Novamente, você disse que me esperava.
Falei - mas como, se não a conheço?
Você disse - não daqui, mas de outro espaço.
Espaço!? Que diz você?
Espaço, sim! Você sempre foi e será meu.
Fitando seus olhos, meu corpo aproximou-se do seu.
Sem saber como, estávamos nos beijando e nos amando.
Em menos de um ano estava me despedindo de você.
Foi pouco o tempo em que nos amamos, mas foi intenso...
Você deitada naquele leito, disse
- obrigada por ter voltado pra mim.
Amém
Marcos Toledo
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